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Então o pai constatou que aquela fora exatamente a hora em que Jesus lhe dissera: “O seu filho continuará vivo”. Assim, creram ele e todos os de sua casa.

(João 4.53)

Eu vou insistir na reflexão sobre o Governo de Deus. Na minha vida avalio que os maiores momentos de crise foram por não considerar essa realidade. Em cada ocasião foram sofrimento emocional e ansiedades, para depois tudo se concretizar e, mesmo que não tenha sido do meu jeito, acabar bem. Estou aqui, vivo e com uma história. Nunca foi o fim do mundo.

Já pensou nisso? Todo medo e desespero momentâneo, mesmo que legítimos, não alteraram a situação. Todo o desejo intenso de mudar tudo, não mudou nada. Frente ao enredo da vida acontecendo com atos, cortes e climax dramáticos, somos espectadores, quando muito, figurantes, ainda que nós nos percebamos como protagonistas. Não é a toa que Jesus afirma, depois de nos exortar a não nos preocuparmos com as coisas da vida (Mt 6.25), que, por mais que nos preocupemos, não temos capacidade de acrescentar uma hora à nossa vida (Mt 6.27), ou seja, não temos controle da História.

O mais incrível de tudo isso é que ainda somos presenteados com bênçãos sem medidadas. Seria natural se Deus dissesse  "Toda vez que eu to Governando você fica aí esbravejando porque não è do seu jeito. Não aguento mais! Se vira!". De certa forma isso até acontece. A Ira do Amor Divino, expressão de Deus baseada inteiramente em seu amor e justiça acontecia no Antigo Testamento com uma certa frequência na Sua relação com Seu povo - "Contudo, ele foi misericordioso;

perdoou-lhes as maldades e não os destruiu. Vez após vez conteve a sua ira,

sem despertá-la totalmente." (Sl 78.38 NVI).Essa ira divina, de certa forma, tem uma aparência disso. Ainda que seja mais como fazemos com um filho que quer insistir em fazer algo errado, dizemos "faça!", mas ficamos em volta administrando aquele aprendizado. Porém, diferente do "Se vira", Deus trata a situação, com Sua Ira Divina, sem despeja-la totalmente e eprendemos com Deus nessa didática abençoadora.

Mesmo conosco, seus Filhos, quando somos corrigidos ainda recebemos bênção, pois não recebemos a ira completa (Sl 78.38 citado acima). Muito mais que isso, sabemos que não apenas a correção, mas a redenção recebemos a partir desse amor (Rm 5.8). Mais que correção e redenção (essa já seria suficiente) ainda recebemos cuidado diário (Mt 6.31,32). Se não for suficiente, Deus nos diz que é capaz, através de Seu poder em nós, de fazer coisas inimagináveis (Ef 3.20). É muita bênção!

Bom, o que tenho refletido aqui segue abaixo a partir do que já disse e que quero discorrer a partir do segundo milagre de Jesus narrado em João, a cura do filho do oficial do Rei.

No final do Capitulo 4 de João, vemos uma narrativa rápida desse milagre. (4.43-54) Jesus está em Caná, onde era famoso pelo primeiro milagre, e um Oficial do Rei chega até Ele pedindo que vá a Cafarnaum para curar seu filho. Jesus faz uma constatação "Se vocês não virem sinais e maravilhas, nunca crerão" (João 4.48, NVI), o homem insiste, e Jesus cura o menino dali mesmo, o homem retorna para casa e no meio do caminho é informado que a cura ocorreu na mesma hora que Jesus falou. Ele e sua casa creem a partir disso.

Minhas duas moedas, juntando tudo o que tenho refletido:

Primeiro, este homem estava na presença do próprio Deus, sabia de sua capacidade, mas tratou-o como um curandeiro. Para ele Jesus precisava viajar os 2 dias até Cafarnaum e fazer alguma coisa por seu filho. Mesmo quando Jesus chama a atenção para essa descrença, ele insiste "vem depressa", um quase "para de enrolar". Eu faria o mesmo se fosse meu filho, mas ai é onde está o problema. Meu desespero e angustia não podem mudar o Caminho de Deus. Jesus não mudou seus planos, deixou a Galileia e foi para Cafarnaum por conta do desespero do homem. A História de Deus, não é demandada pelos nossos anseios. Porém, Deus espera que a Sua História nos molde, a um caráter que reflete o de Jesus, que expressa dependência, e sim, nesse processo, um coração alinhado com Ele, se agrada da Vontade Dele, nos trazendo a percepção de que Ele está atendendo nossos desejos, e está, porém desejos que nasceram da nossa relação com Ele que nos molda à Sua História.

O filho do oficial foi curado, não no seu tempo ou forma. Jesus pediu para que ele cresse, ele confiou e estava voltando para casa sem o "curandeiro". Foram curados seu filho pela doença fisica e ele pela sua descrença. Será que eu creio e confio que a cura ou não cura está nas mãos de Deus? Porquê me pego em desespero, mesmo sabendo que a minha demanda não muda a História de Deus? E porque eu esqueço que a História Dele é mais bela, importante e perfeita que a minha? Será que não tem ainda em mim - é claro que eu sei que tem, um coração deseperado para sentar no trono da História?

Uma segunda reflexão. A bênção! Mesmo frente a incredulidade do homem, Jesus cura instantaneamente. Não tem prazo futuro, não tem espera, não tem faça isso ou aquilo. Aquele homem era um entre milhares que passaram na presença de Jesus em seu ministério terreno pedindo cura e que em sua grande maioria não foram curados. O ministério de Cristo não era esse, apesar de ser um desdobramento obvio da Redenção - a restauração da Criação, mas Ele fez! Bênção imerecida!

Eu sou um incrédulo! Tento levar o curandeiro para Cafarnaum todo dia. Luto com Deus diariamente por processos, prazos e modelos que seguem minha demanda. Me frustro e continuo pedindo a mesma coisa. Choro, me desespero, me irrito, desconto nos outros, um bebê mimado. Quero impor a minha História. Então meu Deus amoroso vem e me cura. Claro que percebo sua mão me corrigindo. Claro que Teu Santo Espírito me exorta. Porém,  apesar de mim, Ele me cura. Aí eu creio.

Pai me perdoe, pois creio apenas depois da cura. Não precisava, mas eu decido que a cura é a história correta. Que eu confie no Seu Governo da História, crendo que ela é perfeita antes mesmo de saber o final.

Relatório do Dia